Numa acção de luta, promovida pelo SITE Norte e a Fiequimetal, junto ao local da refinaria da Petrogal, em Matosinhos, na tarde da passada quinta-feira, dia 19, a assinalar os quatro anos da decisão de encerrar aquele parque petroquímico, exigiu-se investimentos industriais e rejeitou-se a utilização daqueles terrenos para especulação imobiliária.

Dirigentes e delegados sindicais e antigos trabalhadores da refinaria reivindicaram também a defesa dos direitos de quem foi despedido, nomeadamente, com a aplicação das condições previstas no «fundo para a transição justa».

Miguel Ângelo Pinto, coordenador do SITE Norte e membro do Secretariado da Direcção Nacional da Fiequimetal, fez uma breve intervenção de saudação e de enquadramento da iniciativa, para depois chamar ao microfone outros quatro camaradas.

Dois deles trataram na primeira pessoa a realidade da empresa e daquela unidade industrial.

Carlos Cunha é ainda trabalhador da Petrogal na refinaria e, como outros camaradas, continua «numa incógnita, porque não há um prazo» para a sua situação estabilizar. «Para ter o parque logístico, a GALP precisa de licença de refinação, mas a que tem dura até 2030», disse com preocupação. Lembrou como «o encerramento da refinaria de Matosinhos foi uma opção política» e nada teve a ver com questões ambientais. Em alturas de greves, recordou, exigiam serviços mínimos ao máximo, porque era muito importante manter a refinaria a funcionar. Mas, depois, decidiram fechá-la.

César Martins, nestes quatro anos, frequentou, à semelhança de muitos outros, uma das acções de formação profissional propostas aos trabalhadores atingidos pelo encerramento. Fez «um curso de marinheiro maquinista», mas teve uma proposta que era remunerada «com o ordenado mínimo». Na refinaria, com a sua profissão e carreira, auferia «cerca de dois mil euros».

Membro da Direcção Nacional da Fiequimetal e da Comissão de Trabalhadores da Petrogal, Hélder Guerreiro colocou em evidência que o fecho da refinaria – processo em que o então ministro do Ambiente, Matos Fernandes, se comportou como um entusiasmado aluno da Comissão Europeia – não resolveu os problemas ambientais, como alegavam os seus promotores. Pelo contrário, foi destruído um importante activo industrial nacional e, hoje, Portugal tem de importar muitos produtos que ali eram fabricados, contribuindo para diminuir a soberania económica do País.

A última intervenção coube ao secretário-geral da CGTP-IN. Tiago Oliveira comentou que «não estamos aqui a realizar nenhum funeral, nem a assinalar uma efeméride», mas antes a exigir do Governo que defina «um plano de investimentos, para potenciar este importante complexo, na perspectiva do desenvolvimento industrial», pois «estes terrenos têm de continuar a servir os interesses do país e dos trabalhadores, têm de contribuir para manter actividade industrial, aumentar a produção nacional e criar emprego».

No imediato, salientou, «é importante cuidar dos trabalhadores que foram deixados para trás há quatro anos». Os trabalhadores e os sindicatos, frisou Tiago Oliveira, «não nos esquecemos das palavras do então primeiro-ministro, António Costa, que se mostrou disposto a “dar uma lição à administração da GALP”».

Na verdade, alertou o secretário-geral da CGTP-IN, «existem muitos trabalhadores que já terminaram o período de concessão do subsídio de desemprego e não vêem solução para as suas vidas». Dos 147 que foram despedidos, uma centena continua sem emprego e os restantes têm trabalho com vínculos precários.

Nesta acção participaram igualmente os coordenadores da Fiequimetal, Rogério Silva, e da União dos Sindicatos do Porto, Filipe Pereira, ambos membros da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN.

Fonte: SITE Norte