Os trabalhadores do Grupo Paulo de Oliveira, na Covilhã, vão fazer uma concentração de protesto e luta na próxima quinta-feira, 17 de Abril, à porta da empresa, na Covilhã, em luta por melhores salários que lhes permita uma uma vida digna.

O Grupo Paulo de Oliveira, com forte presença na região, controla parte importante do emprego e da economia da região, bem como a produção de lanifícios no nosso país. Um grupo cujos resultados são públicos e conta com margens elevadas de lucros nos seus negócios.

Não obstante a boa imagem pública e o volume de negócios apresentado, no ano de 2023, em que apresenta resultados positivos na ordem dos 12 Milhões de Euros, e que em 2024 não andaram longe, mantém os seus trabalhadores muito próximo do salário mínimo nacional (870€), tendo como subsídio de refeição dia 2.65€. Para além dos baixos salários praticados, tem como norma aplicar os 2.65€ de subsídio de refeição, quando a nível nacional constatamos que um número significativo de empresas já evoluiu nesta matéria e pratica o valor de 6€ dia ou muito próximo disso.

Esta concentração tem como objectivo alertar para o facto de não tendo sido possível concretizar a assinatura de um contrato colectivo de trabalho entre a ANIL e a FESETE para o ano de 2025, os trabalhadores se encontrarem no momento condicionados a valores muito próximos do valor do SMN de 870€.

Encerradas as negociações para 2025, sem possibilidade de acordo, dadas as imposições do patronato em termos de restrições nos direitos e ausência do avanço justo e necessário das tabelas salariais e subsídio de alimentação, apresentados que foram pela associação patronal, valores manifestamente insuficientes, em particular para a maioria dos trabalhadores das categorias mais baixas da tabela salarial, afectos à produção, vamos estar no terreno para garantir que os trabalhadores têm conhecimento profundo e escrupuloso do comportamento do patronato do sector à mesa das negociações, apelando em simultâneo para que se organizem e mobilizem na luta por melhores salários, direitos e dignificação das suas profissões.

Não queremos, nem é justo, continuar a pautar os trabalhadores do sector com base em rendimentos tão próximos do Salário Mínimo Nacional.

É preciso abandonar a ideia de que os Contratos Colectivos apenas estabelecem mínimos. Os Contratos Colectivos Sectoriais são um instrumento de equilíbrio entre a riqueza criada e a sua justa distribuição, por quem realmente a produz, os trabalhadores.

Denunciar a prática de baixos salários neste sector, em particular nas empresas cujos seus representantes são membros da associação patronal, em completo desrespeito pelas profissões e qualificações da maioria dos seus trabalhadores, nomeadamente, nas empresas, como o Grupo Paulo de Oliveira, detentor de mais duas empresas Penteadora e Teximax, empregando cerca de 1500 trabalhadores nas três empresas do grupo, e cujo valor dos resultados conhecidos deste Grupo de empresas demonstra existir condições para evoluir não só no subsídio de alimentação como nos salários, respondendo assim à reivindicação para 2025.

Num enquadramento sectorial em que tanto se fala na necessidade de valorização das profissões, motivação dos trabalhadores e se lamenta a falta de trabalhadores para estes sectores de tão grande importância para a economia portuguesa, de que estes patrões nas suas declarações públicas são figura de proa.

Fica claro que entre o discurso público e as suas práticas, existe uma grande distância que não podemos deixar de denunciar.

Concluí-se que comportamentos como estes são os principais responsáveis e estão na origem da fraca atractividade de jovens qualificados, que tão necessários são no sector.

Fonte: FEDERAÇÃO DOS SINDICATOS DOS TRABALHADORES TÊXTEIS, LANIFÍCIOS, VESTUÁRIO, CALÇADO E PELES DE PORTUGAL

 Grupo Paulo de Oliveira