Política de austeridade aumenta desemprego e força muitos milhares a emigrar
O desemprego voltou a aumentar nos primeiros três meses do ano, abrangendo mais de 952 mil pessoas em sentido estrito e uma taxa de desemprego de 17,7%. Mas na realidade o desemprego e o subemprego atingem já 1 milhão e 500 mil pessoas se tivermos em conta os inactivos disponíveis e indisponíveis e o subemprego dos trabalhadores a tempo parcial.
Todos os indicadores mostram uma degradação sem precedentes do mercado de trabalho:
- A destruição de postos de trabalho intensificou-se, com o emprego a registar uma quebra de 229 milhares, que atingiu a indústria, a agricultura e pescas, e os serviços;
- A taxa de desemprego juvenil (15-24 anos) é de 42,1%;
- Quase 60% dos desempregados são de longa duração;
- A população activa diminuiu sobretudo entre os mais jovens;
- A precariedade aumentou através das formas mais selvagens de exploração por via do falso trabalho independente, trabalho à peça/semana, trabalho clandestino, etc., tendo diminuído o emprego estável;
- As prestações de desemprego cobrem apenas 33% dos desempregados (em sentido lato).
Sem trabalho, sem protecção social no desemprego ou perspectivas de sair dessa situação, muitos desempregados voltam-se para a emigração. No espaço de um ano a população total do país diminuiu em mais de 85 milhares, 73 milhares dos quais apenas no primeiro trimestre, o que significa que o ritmo está aumentar.
E são sobretudo os mais jovens que saem do país em busca de condições de vida: o grupo dos 25 aos 34 anos decresceu 66,5 milhares em termos homólogos, e entre os menores de 25 anos a quebra foi de 31 mil. É toda uma geração, grande parte dela com altas qualificações, que abandona o país para fugir à política criminosa que o Governo está a impor aos portugueses.
A situação assume proporções ainda mais graves porque muitos dos trabalhadores que emigram levam os filhos com eles (só no primeiro trimestre o número de crianças e jovens até aos 14 anos diminuiu 24,5 mil por razões sobretudo ligadas à emigração).
O desemprego tem consequências muito negativas. Afecta em primeiro lugar os que são empurrados para essa situação e as suas famílias. Mas o país também é prejudicado ao perder potencial produtivo. Em 2012, tendo em conta um desemprego oficial de 860 milhares de pessoas, o país perdeu um potencial produtivo de mais de 23 mil milhões de euros[1][1] e nos primeiros três meses deste ano a perda é já superior a 6,4 mil milhões de euros. Mas se se considerar o desemprego real a perda ascende a cerca de 8,4 mil milhões de euros.
Há que abandonar de uma vez por todas esta política de desastre. O mais recente pacote de austeridade, que prevê mais cortes na despesa e despedimentos na Administração Pública, a concretizar-se faria o desemprego aumentar ainda mais.
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É urgente pôr o país a produzir e a criar emprego, tomando medidas que aumentem a procura interna e a substituição de importações, através do aumento dos salários e das pensões para que as empresas possam vender a sua produção. É preciso encontrar recursos para aumentar o investimento público, não cortando nas funções sociais do Estado e no emprego público, mas sim taxando o capital e combatendo a fraude e evasão fiscal, bem como cortando na despesa parasitária, como nos juros da dívida acima da taxa do BCE, nos benefícios fiscais dos grupo económicos e financeiros, nas parceria público privadas e nas rendas excessivas do sector energético. É necessário ainda alargar a protecção social no desemprego, nomeadamente reduzindo o prazo de garantia para acesso ao subsídio social de desemprego e prolongamento do respectivo prazo de atribuição.
Existe alternativa! O futuro de Portugal passa por romper com o memorando, pôr fim a este governo e à política de direita. A 25 de Maio Todos a Belém!
[1] Tendo em conta que a produtividade por trabalhador foi de 27 mil euros em 2012, segundo o Documento de Estratégia Orçamental.