Chegado o último dia de greve dos Trabalhadores da Varandas de Sousa, ficam evidentes os tiques autoritários e de superioridade moral da Administração da Empresa, que puderam ser denunciados durante esta luta.
Na semana que antecedeu a greve, vários trabalhadores com vínculo precário denunciaram ao SINTAB terem sido chamados, individualmente, pelas suas chefias, para ouvirem palestras a que estes chamaram, de “conselhos” sobre a greve. Nesses conselhos vinha, invariavelmente, a sugestão de que a adesão à greve poderia implicar a perda de emprego por estarem numa situação contratual menos segura. Estas pressões são ilegais e o SINTAB denuncia-las-á às autoridades por representarem um claro atropelo à lei.
Já durante o período de luta, pudemos assistir à descarada substituição de Trabalhadores em greve, por contratação extraordinária de Trabalhadores externos e o recurso ao Trabalho suplementar de outros Trabalhadores, de vínculo precário e por isso menos seguros, mas não com menor vontade, para execução de tarefas adstritas aos Trabalhadores que estavam em luta, à porta da empresa. Estas situações serão também denunciadas às autoridades, nomeadamente à ACT, a quem se exige uma atuação célere e musculada, sem subterfúgios de desculpabilização de quem, assumidamente, se opões às liberdades dos Trabalhadores.
Por último, ficou bem evidente o défice de cuidados da Administração na garantia das condições de trabalho no âmbito da saúde e segurança no trabalho.
Se, em Vila Real, estas denúncias foram bem colocadas pelos Trabalhadores aos órgãos de comunicação social durante a passada segunda feira, já hoje, ao piquete de greve de Vila Flor, as Trabalhadoras denunciavam várias considerações de desprezo da parte das chefias. Diversas Trabalhadoras asseguraram ter recebido ameaças para trabalhar sem condições de segurança nos escadotes de acesso às plataformas elevadas, recebendo como resposta, quando se negavam, que a empresa tinha seguro e, em caso mais grave, asseguraria a execução da autópsia.
Estas são declarações intolerantes que refletem uma abominável postura de desrespeito pelas Trabalhadoras e a sua condição humana.
A luta tem continuado hoje, à porta das fábricas de Vila Real e Benlhevai, com a alegria de quem percebe a necessidade de a travar, não apenas por si, mas pelos filhos que, também eles, tiveram uma palavra a dizer.
A greve teve forte impacto nos índices de produtividade dos três centros, Vila Flor, Vila Real e Paredes, e estão já a ser planeadas novas ações de protesto e denúncia.
Fonte: SINTAB