Os resultados de produção e os lucros das empresas da indústria automóvel são fabulosos, mas as associações patronais insistem em perpetuar os baixos salários e sacar apoios públicos — como se demonstrou no encontro que a Fiequimetal promoveu em Mangualde na semana passada.
27.3.2025

Ao abordar o tema da transição energética, acusa-se o patronato do sector automóvel de pretender, uma vez mais, que os governos implementem incentivos à aquisição de veículos eléctricos e que invista numa rede de carregamento, mantendo intocáveis os lucros das empresas e continuando com a distribuição de elevados dividendos aos accionistas.

Este é um dos pontos da Resolução, aprovada no final do encontro «Sector Automóvel - Presente e Futuro», que teve lugar dia 21 em Mangualde, com a participação de 73 dirigentes e delegados sindicais da federação e dos sindicatos SITE Norte, SITE C-N, SITE CSRA e SITE Sul e membros de comissões de trabalhadores.

Estiveram representados milhares de trabalhadores das principais empresas do sector, como a Stellantis and you e a Stellantis Mangualde, o Entreposto Lisboa, a VW Autoeuropa, a Horse Aveiro (Renault), a Hutchinson, a SMP, a Mitsubishi Fuso e a Caetano Bus.


Foi decidido dar continuidade à luta, para exigir do patronato:

• A melhoria dos salários em geral e fixação do salário mínimo de entrada no sector no valor de 1000 euros;
• A valorização das carreiras profissionais;
• A humanização dos ritmos de trabalho e a introdução de pausas;
• O fim da precariedade dos vínculos laborais;
• A redução do horário de trabalho e o respeito pela conciliação da actividade profissional com a vida pessoal e familiar dos trabalhadores;
• A melhoria das condições de trabalho;
• O cumprimento da formação profissional prevista na lei.

Do poder político, reivindica-se:

• A fixação do salário mínimo nacional nos 1000 euros, logo que o próximo Governo tome posse;
• O reconhecimento do desgaste rápido, para efeitos da antecipação da idade da reforma;
• A tomada de medidas para prevenir doenças profissionais e acidentes de trabalho e melhorar a reparação dos mesmos;
• A fixação do tempo do horário semanal de trabalho nas 35 horas, no máximo;
• A implementação de uma estratégia nacional de defesa do sector automóvel em Portugal, que responda aos problemas da competitividade da indústria portuguesa, com medidas visando a redução de custos com energia, telecomunicações, crédito e serviços bancários;
• A incorporação de produto nacional, com aproveitamento dos recursos naturais nacionais;
• A garantia da graduação dos processos de transição energética, adaptados à realidade e às necessidades do nosso País e dos principais mercados;
• A defesa dos interesses do País perante a UE e as multinacionais (que recebem cada vez mais fundos comunitários e da Segurança Social via lay-off);
• A tomada de medidas para impedir o lay-off fraudulento;
• Recusar a política de sanções, confrontação e guerra, e promover relações económicas diversificadas e a cooperação.

Ver também

Resolução

«Presente e Futuro do Sector Automóvel», intervenção do Eng. José Nunes Maia

Intervenção de Manuel Bravo, do Secretariado da DN da Fiequimetal, responsável pela actividade sindical no sector automóvel

Intervenção de Rogério Silva, coordenador da Fiequimetal e membro da Comissão Executiva da CGTP-IN

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