Um pacto sem jovens, com os piores infractores
Com o alto patrocínio do Presidente da República, o Governo e Patrões assinam um chamado “Pacto Mais e Melhores Empregos para os Jovens”.
Só que faltam os jovens.
Um pacto curto, que não responde às necessidades imediatas da juventude de um aumento geral dos salários, de fim da desregulação dos horários, do fim da precariedade e consagração de que a um posto de trabalho permanente corresponda um vínculo de trabalho efectivo.
As metas apontadas a atingir em 2026 não são sérias, no que toca à contratação de jovens e a sua efectivação, formação e salários.
Não há referências à contratação colectiva, o efectivo garante de direitos para os jovens trabalhadores, para a sua efectivação e para a verdadeira valorização das suas qualificações, carreiras e salários.
Dúvidas houvesse da falta de seriedade deste pacto, bastaria ver nas 50 primeiras empresas signatárias os piores praticantes de precariedade, baixos salários e exploração que os jovens trabalhadores conhecem. Empresas que acumulam milhões de lucros à conta da exploração e que, mesmo cumprindo as metas deste pacto, não deixariam de sustentar a sua riqueza na base da precariedade dos jovens trabalhadores. Empresas que aos trabalhadores recusam as suas justas reivindicações, ignorando mesmo os seus sindicatos, e que vêm agora assinar um pacto, não são de fiar. Que o digam os trabalhadores que laboram para a E-Redes através da EGOR, que viram as suas reivindicações ignoradas, os trabalhadores da Accenture, cujas reivindicações não viram resposta ou trabalhadores da Randstad, há anos em situação de precariedade, para citar apenas alguns exemplos.
O governo, ao invés de fazer uma política que verdadeiramente valorize os jovens trabalhadores, os seus salários e carreiras, e ao invés de garantir um efectivo combate à precariedade, prefere fazer pactos com o patronato enquanto os recompensa por fazer os mínimos.
Os jovens trabalhadores não precisam de pactos com muita propaganda e pouca resposta. Precisam sim dos seus problemas resolvidos. Precisam de uma redução dos horários de trabalho para as 35 horas e o fim da sua desregulação. Precisam que se consagre que a um posto de trabalho permanente corresponda um vínculo de trabalho efectivo para um efectivo combate à precariedade, precisam que se retire da legislação laboral os bloqueios à contratação colectiva, permitindo assim uma verdadeira valorização dos salários, qualificações e carreiras.