O Lidl moveu processos disciplinares contra trabalhadores que participaram em protestos à porta das suas lojas. Diz a empresa alemã que os protestos dos trabalhadores “violaram os deveres de urbanidade e probidade com o empregador”.
Comunicado à Imprensa do CESP - Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal
Lidl afronta Portugal e a Constituição da República
O CESP (Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal) vem denunciar que a Lidl avançou com processos disciplinares à estrutura sindical por esta ter realizado, no mês de Fevereiro, acções de luta à porta dos estabelecimentos da empresa, alegando que estes trabalhadores “violaram os deveres de urbanidade e probidade com o empregador”.
As acções realizadas tiveram um propósito muito claro. Denunciar a precariedade a que os trabalhadores da Lidl estão sujeitos e que a empresa alega serem falsos.
Não é falso que a larga maioria dos trabalhadores das lojas trabalha a tempo parcial, tal como não é falso que os trabalhadores têm vários horários que lhes dificultam ter outro trabalho. Infelizmente, não é falso que estes trabalhadores auferem salários entre os 300€ e os 400€.
Como se não bastassem estes atropelos a um emprego digno a Lidl decidiu punir aqueles que se opõem à carestia de vida em claro confronto com a liberdade sindical, direito consagrado na Constituição da República Portuguesa.
Os trabalhadores exerceram um direito seu inalienável e fizeram-no num contexto em que após várias reuniões com a empresa para discussão das suas reivindicações não viu as mesmas serem satisfeitas.
A luta pela liberdade sindical fez parte da luta geral do nosso povo para derrubar o fascismo e para instaurar um estado democrático em Portugal. Não há democracia sem sindicatos e sem organização dos trabalhadores.
O CESP repudia este atentado à liberdade sindical e à liberdade de expressão. Este caso torna-se mais grave quando não é acto isolado no sector tendo já, no passado recente, ocorrido vários abusos sobre trabalhadores sindicalizados e representantes eleitos.
Exigimos o imediato arquivamento dos processos das notas de culpa.
A nossa estrutura e demais trabalhadores da empresa, com o seu sindicato, não irão tolerar qualquer tentativa de intimidação e de limitação da actividade sindical.
FONTE: CESP