Com os «interesses não controláveis», o resultado líquido do Grupo EDP em 2022 atinge os 1170 milhões de euros e a administração já anunciou que pretende pagar perto de 753,5 milhões em dividendos. Por valorizar ficam os trabalhadores e os seus salários.

Numa nota à comunicação social, o Secretariado da Direcção Nacional da Fiequimetal afirma que os resultados, anunciados ontem, mostram que 2022 foi mais um ano de acumulação de lucros, para remunerar de forma gorda os accionistas, desde logo com 679 milhões de euros, na parcela que lhes é atribuível.

Contando com os interesses não controláveis, que também são lucros limpos e somaram 491 milhões, o resultado líquido atinge os 1170 milhões.

Mas a administração já anunciou que pretende pagar perto de 753,5 milhões em dividendos.

Por valorizar ficam os trabalhadores, o principal activo das empresas do grupo.

Fica para trás a valorização dos salários, face ao brutal aumento do custo de vida.

 

Pouco ou nada acontece por obra do acaso!

A sequência de lucros gordos, nos últimos anos, foi também alcançada à custa do embaratecimento da força de trabalho, da exploração das competências e saberes de todos aqueles que dão de si o melhor do seu empenho profissional.

A EDP mostra-se assim como uma empresa que poderia fazer muito mais pelos trabalhadores, mas faz muito pouco, e faz tudo pelos accionistas.

Temos hoje uma grande empresa, que deveria ser encarada como estratégica para o País e que, nos últimos anos, apenas serve para banalizar e tornar vulgar os lucros criados pela dedicação de todos aqueles que diariamente dão o melhor por si pelo Grupo EDP.

 

Os salários vão-se evaporando!

O negócio alcançado entre accionistas para a actualização salarial é disso exemplo. O Governo e os patrões celebraram um acordo de 5,1% na “concertação social”, com a intenção de fixar um tecto ao crescimento dos salários, o qual beneficia as empresas, através da redução de impostos. É uma prestação de serviços do actual Governo aos grandes grupos económicos, que a EDP vai aproveitar em 2024, ficando isenta de pagar parte significativa do IRC.

É mais do mesmo! Muito para uns poucos e pouco para a maioria dos que produzem a riqueza na empresa.

O Grupo EDP são os seus trabalhadores, aqueles que directa e indirectamente contribuíram para estes resultados, que serão em larga escala distribuídos por meia dúzia que comem tudo e não deixam nada.

É por isso que se repudia a vergonhosa postura daqueles que cozinharam um negócio que à maioria envergonha e constitui mais um contributo para a estagnação salarial, numa empresa que deveria ser de referência nacional, em matéria de política salarial, a tal que a administração tanto apregoa ser «top employer»!

Fonte: Fiequimetal