No dia em que a Galp Energia anunciou os resultados anuais, uma delegação de trabalhadores e dirigentes sindicais deixou na sede do Grupo a exigência de melhores salários, mais justiça na distribuição de riqueza e que esta reverta para o País.
A propósito dos números divulgados ontem pela administração, a Fiequimetal assinalou que, nos últimos quatro anos, foram obtidos os três melhores resultados anuais de sempre, aqui se incluindo os de 2024.
A Galp Energia, no período pós-COVID-19, vive uma escalada de resultados que, não só reflectiram conjunturas internacionais propícias à acumulação de lucros estratosféricos, como também correspondem a uma política de apropriação (destruição) de valor no País, destruição de emprego e desinvestimento em infra-estruturas muito importantes para a economia portuguesa.
Trata-se da exploração de tudo e todos, para continuar a drenar centenas de milhões de euros, ano após ano, da economia nacional.
É necessária outra política, que inverta o sentido do fluxo do capital, para que seja de facto produzida riqueza para o País, a começar na valorização salarial dos trabalhadores, que também tem ficado por concretizar.
O aumento dos salários já ocorrido não acompanha os incrementos dos lucros, nem cobre o aumento real do custo de vida. Fica aquém, por exemplo, do aumento exponencial das prestações do crédito à habitação.
No plano dos direitos dos trabalhadores, o balanço também é muito negativo. Ainda está presenta o ataque ao Acordo de Empresa e o aproveitamento da legislação que mantém a caducidade dos instrumentos de regulamentação colectiva na óptica do patrão.
Persiste a sucessiva criação de grupos de trabalhadores com quadros de direito inferiores, a partir da criação de empresas de cedência de pessoal dentro do grupo, como a Galp Energia SA e a Galpgest.
Também prossegue a utilização dos trabalhadores como instrumentos de fuga aos impostos, com o nome pomposo de benefícios fiscais. Estas situações são um bom exemplo da permissividade e cumplicidade das sucessivas maiorias políticas, para desvalorização do trabalho e criação de novos meios de obtenção de lucro, à custa dos direitos dos trabalhadores.