As previsões da Primavera da Comissão Europeia divulgadas hoje apontam para um aprofundamento da situação de recessão em 2012 (-3,3%), para um aumento da taxa de desemprego (15,5%), para uma quebra do emprego (de 3,3%) e dos salários reais (de 6%), demonstrando que as políticas do Governo e da Troika não resolvem nenhum dos problemas do país e têm apenas como resultado o seu empobrecimento.

Comunicado de Imprensa n.º 049/12

 

RECESSÃO, AUMENTO DO DESEMPREGO E EMPOBRECIMENTO EXIGEM MUDANÇA DE POLÍTICA!

 

As previsões da Primavera da Comissão Europeia divulgadas hoje apontam para um aprofundamento da situação de recessão em 2012 (-3,3%), para um aumento da taxa de desemprego (15,5%), para uma quebra do emprego (de 3,3%) e dos salários reais (de 6%), demonstrando que as políticas do Governo e da Troika não resolvem nenhum dos problemas do país e têm apenas como resultado o seu empobrecimento.

Estas previsões poderão ser agravadas, uma vez que assentam sobre um crescimento fraco das exportações que poderá não se verificar, dado que os nossos principais clientes deverão estar em recessão (Espanha) ou ter um baixo crescimento (Alemanha e França). Por seu lado, o consumo privado, que suporta 2/3 do PIB, terá uma quebra de 6,1%, assinalando a Comissão que há riscos de maior deterioração se a situação do emprego for pior do que a prevista. Note-se que de acordo com esta previsão serão destruídos 160 mil postos de trabalho em 2012.

A par destes indicadores há um crescimento da dívida pública, uma quebra significativa do investimento total e indicações de quebra da produção industrial já nos primeiros dois meses deste ano.

Para 2013 a Comissão prevê um crescimento do PIB de 0,3% mas, além de poder ser revisto em baixa dadas as incertezas que pairam sobre a economia europeia e a zona do euro em particular, a taxa de desemprego será de 15,1% e os salários reais continuarão a cair se esta política não for alterada.

Estas previsões são mais negativas que as apresentadas pelo Governo no Documento de Estratégia Orçamental, quer no que diz respeito ao PIB, quer no que diz respeito ao desemprego, mas deverão estar mais próximas da realidade, reforçando a necessidade de aumentar a protecção no desemprego.

No que diz respeito aos salários as previsões de Outono são agora ainda mais negativas. Portugal terá a maior queda dos salários reais da União Europeia em 2012 (-6% face a uma diminuição de 0,3% na UE) e a segunda maior em 2013 (-1,9% face a um aumento de 0,3% na UE). Os custos unitários do trabalho reais terão também quebras superiores às da Zona Euro, mostrando que se persiste no modelo de baixos salários que já provou o seu falhanço.

Mas estas previsões revelam também o insucesso do Governo no controlo do défice público, sendo admitido um agravamento quer face a projecções anteriores, quer o não cumprimento das metas para 2012 e 2013. Bastante mais grave é a contínua escalada da dívida pública, indicador também revisto em alta.

Relativamente aos outros países, nota-se que o desempenho da Zona Euro é ainda mais negativo do que no conjunto da União Europeia, estando prevista uma recessão de 0,3% em 2012 no primeiro caso face a uma estagnação no segundo. Esta conclusão é extensível a 2013 e nos indicadores mais relevantes: emprego, taxa de desemprego, dívida pública. Só o défice público é menor na Zona Euro, o que mostra precisamente como continuar a insistir na mesma receita de redução cega do défice é errado e traz elevados custos económicos e sociais.

Por tudo isto, impõe-se o abandono do Tratado Orçamental e do pacote da governação económica, dadas as consequências profundamente negativas sobre a economia europeia, situação que está a conduzir a rupturas sociais, bem mais importantes que a consolidação orçamental.

DIF/CGTP-IN

Lisboa, 11.05.2012