dados01.jpg

Os dados estatísticos, publicados pelo INE, confirmam a crescente deterioração da situação no mercado de trabalho e o aprofundamento da recessão. A economia contraiu-se pelo sexto trimestre consecutivo e com uma variação homóloga (3,3%) que é superior à verificada nos trimestres anteriores. O INE assinala que “a redução mais acentuada do PIB foi determinada pelo comportamento da procura interna que registou um contributo mais negativo que o verificado no 1º trimestre de 2012, com particular destaque para o Investimento”. Untitled Document

Comunicado de imprensa n.º 068/12

 

DESEMPREGO CONTINUA A SUBIR ENQUANTO ECONOMIA SE AFUNDA
Nota à imprensa da CGTP-IN, 14.8.2012

 

1. Os dados estatísticos, publicados pelo INE, confirmam a crescente deterioração da situação no mercado de trabalho e o aprofundamento da recessão. A economia contraiu-se pelo sexto trimestre consecutivo e com uma variação homóloga (3,3%) que é superior à verificada nos trimestres anteriores. O INE assinala que “a redução mais acentuada do PIB foi determinada pelo comportamento da procura interna que registou um contributo mais negativo que o verificado no 1º trimestre de 2012, com particular destaque para o Investimento”.

2. A política de direita, dita de austeridade, tem efeitos económicos e socais desastrosos. Os cortes nos salários, nas pensões de reforma e nos apoios sociais reflectem-se na redução do consumo das famílias o que leva à variação negativa do investimento. As mais recentes projecções para a economia portuguesa do Banco de Portugal apontam para uma quebra da formação bruta de capital fixo, principal componente do investimento, de 12,7% este ano (a que acresce a de 2011, de 11.3%). As exportações não só não compensam a diminuição da procura interna como estão a desacelerar, prevendo esta instituição um crescimento de 3,5% este ano face a 7,6% o ano passado.

3. Os dados do comércio externo referentes ao 1º semestre são claros: uma desaceleração das exportações do 1º para o 2º trimestre; uma parte significativa do crescimento das exportações assenta em combustíveis e na venda de ouro e de metais preciosos; a quebra das importações. A venda de ouro e de metais preciosos (surgem lojas de compra de ouro a cada esquina) espelha o empobrecimento das famílias, que se estão a despojar do que têm para fazer face às suas necessidades diárias. A redução do défice externo deriva do corte das importações, devido à quebra na procura interna, e não da eficiência económica ou duma substituição de importações.        

4. A CGTP-IN considera que a insistência do Governo e da troika na presente política, só poderá gerar mais desemprego e recessão. As medidas que têm vindo a ser adoptadas são responsáveis por elevadas perdas no emprego e pela subida galopante do desemprego desde 2008.

dados01.jpg


                                   Fonte: INE; os dados de 2012 referem-se ao 2º trimestre

5. A destruição de postos de trabalho constitui o aspecto mas dramático da presente crise. O emprego teve uma das maiores diminuições de sempre (-4,2%, o que significa 205 mil pessoas no espaço de um ano). Na indústria, construção e energia, a redução ultrapassou os 10%. Não se trata apenas da crise na construção. Segundo dados do Eurostat, também hoje divulgados, a produção industrial caiu 4,4% em Junho face a Junho de 2011, enquanto a diminuição na área do euro foi de 2,1%.   

6. Os trabalhadores com vínculo precário (com contratos a prazo, falso trabalho independente e outros) foram os mais afectados pela destruição de empregos (cerca de 114 mil), embora o nível de emprego dos trabalhadores com contratos de trabalho permanentes também se tenha reduzido (em mais de 80 mil). Apesar disso, a precariedade mantém-se elevada incidindo sobre 21% dos trabalhadores por conta de outrem.

7. O desemprego real ultrapassa os 22% (mais de 1 milhão e 305 mil desempregados), enquanto que a taxa oficia já se cifra nos 15% o que abrange cerca de 827 mil desempregados. No espaço de um ano, há mais 152 mil desempregados. Mais de metade (54% o que abrange 443 mil) procura emprego há mais de 12 meses e destes mais de metade há mais de dois anos. O risco de exclusão social é claro já que 57 em cada 100 desempregados não acede a prestações de desemprego. Como a CGTP-IN tem denunciado, as sucessivas revisões e cortes no regime de protecção social no desemprego estão a deixar cada vez mais desempregados sem protecção.  

8. A CGTP-IN salienta ainda que o risco do desemprego, para além do sofrimento social que provoca, poder desencadear uma aceleração da saída de jovens com habilitações elevadas do país. Hoje mesmo a imprensa divulga conclusões de um estudo da Federação Académica do Porto segundo o qual 70% dos estudantes universitários admitem emigrar. O país enfrenta já uma hemorragia de trabalhadores qualificados e de jovens com níveis de escolaridade elevados. A situação é grave sobretudo num país que tem défice de qualificações e uma das mais baixas taxas de fertilidade da UE.

9. Neste contexto, cresce a importância e alcance da “Marcha Contra o Desemprego – Pelo Futuro de Portugal”, convocada pela CGTP-IN e que percorrerá o país entre 5 e 13 de Outubro próximo. Esta iniciativa, que é de denuncia da política do Governo PSD\CDS e dos seus efeitos, é também de proposta e de afirmação de alternativas, pela criação de emprego com direitos e combate à precariedade, pela melhoraria da procura interna e dinamização da contratação colectiva e pelo reforço da protecção social.

DIF/CGTP-IN
Lisboa, 14.08.2012