O anúncio do “maior aumento salarial do século” divulgado pela APCOR (Associação Portuguesa da Cortiça) no passado fim-de-semana gerou expectativas nos trabalhadores corticeiros que agora se estão rapidamente a transformar em desagrado, face a um valor (17,06€) que corresponde apenas a... 56,8 cêntimos por dia.
A distribuição da riqueza no sector corticeiro está profundamente desequilibrada:
Há dez anos atrás, em 2009, o peso das remunerações na riqueza criada era de 62,3%
Em 2016 era só de 41,0% (como se pode comprovar no gráfico em baixo).
Os factos confirmam que os corticeiros estão a empobrecer a trabalhar: a sua produtividade e esforço têm vindo a aumentar, mas o peso dos seus salários tem vindo a cair face à riqueza criada!
Para além disso, as respostas da APCOR às restantes propostas sindicais foram as seguintes:
Actualização do subsídio de refeição para 6 euros diários:
Contrapropõem uma actualização de 10 cêntimos... para 2 anos (5 cêntimos/ano)
25 dias úteis de férias:
Não aceitam.
Alargamento das diuturnidades para todos os trabalhadores:
Não aceitam.
Pagamento de complemento de subsídio de doença profissional:
Não aceitam.
Introdução de nova cláusula sobre a proibição do assédio no trabalho:
Não aceitam.
A auscultação que está em curso nos locais de trabalho decidirá os próximos passos deste processo negocial, através de uma proposta sindical justa, possível e necessária para inverter o ciclo de desigualdades que se verifica no sector, com perspectivas de luta até ao final deste mês.
FONTES:
FEVICCOM – Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro
SOCN – Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte
STCCMCS – Sindicato dos Trabalhadores da Cerâmica, Construção e Cortiças do Sul