O Governo chamou ontem os patrões para lhes dizer que está disposto a transferir dinheiros públicos para as empresas do sector e ainda a facilitar-lhes a dispensa dos trabalhadores com perda salarial.
Para o efeito, o Governo PS criou uma linha de apoio de 200 milhões de euros para fazer face a dificuldades de tesouraria das empresas e vai aprovar alterações para simplificar o recurso à Lay-off.
Assim, Governo PS e patrões chagaram a acordo para mandar os trabalhadores para casa com uma redução brutal de rendimentos e o Governo ainda se dispõe a repor dificuldades de tesouraria.
Por outro lado, as associações patronais arrastam os processos negociais, outras suspendem as negociações (APHORT) e outras recusam negociar a revisão dos salários desde 2009 (AHP).
Recorde-se que o setor viveu uma excelente situação económica com crescimentos sucessivos desde 2013 de dormidas e proveitos.
Em 2019, os estabelecimentos de alojamento registaram 27 milhões de hóspedes e 69,9 milhões de dormidas, o que corresponde a aumentos anuais de 7,3 e 4,1%.
Os proveitos totais aumentaram 7,3% e os de aposento 7,1%
O rendimento médio por quarto disponível aumentou para 49,4 euros e o rendimento médio por quarto aumentou para 88,7 euros, o que representa um grande aumento nestes 7 anos. Todas as previsões para 2020 são de crescimento na ordem dos 5/7%.
Durante os anos 2012 a 2017 os patrões alegaram que tinham de repor as perdas de 2011 e 2012 e recusaram negociar salários, algumas associações patronais negociaram salários então em 2017, outras em 2018 e outras nunca chegaram a negociar (AHP).
Em 2019, apenas foi feito acordo de contratação coletiva com a associação patronal AHRESP, todas as demais recusaram, embora a AHRESP recuse aumentos salariais para o sector da alimentação colectiva desde 2003.
Os patrões alegaram em 2019 que tinham de se precaver porque o setor podia não continuar a crescer como até agora e, perante os primeiros problemas, estica a mão ao Governo a pedir apoios. É caso para perguntar: e os lucros que acumularam durante anos estão aonde?
O Governo, sabendo da situação do bloqueio da contratação coletiva, continua a não fazer nada a favor dos trabalhadores, que auferem, aliás, salários miseráveis, cumprem horários longos e imprevisíveis e vêm todos os dias os direitos de contratação coletiva violados pela generalidade do patronato do sector, perante a passividade verificada por parte da ACT.
Ao oferecer, o que ofereceu, sem contrapartidas sociais, o Governo pôs-se, mais uma vez, de cócaras perante o patronato, em prejuízo dos trabalhadores.
A FESAHT denuncia publicamente a situação e exorta os trabalhadores a lutarem na defesa dos seus direitos, dizendo não às medidas que ponham em causa o emprego e os rendimentos e exige que o Governo, em vez de ter como prioridade o favorecimento aos patrões, adopte medidas que protejam os direitos e rendimentos dos trabalhadores.
A FESAHT, vai ser recebida em audiência na Secretaria de Estado do Turismo, amanhã pelas 15H00, para expressarmos a nossa opinião sobre as matérias abordadas nesta reunião, somos a convidar o vosso órgão de informação para uma Conferência de Imprensa a decorrer à saída da sede do Ministério da Economia, rua da Horta Seca, nº 15, em Lisboa.
A Direcção Nacional/ FESAHT