Em Janeiro de 1911 os Ferroviários portugueses erguiam uma grande greve, que duraria 5 dias, e permitiria a conquista de importantes direitos pelos trabalhadores ferroviários.Estamos no período imediatamente posterior à Revolução de 5 de Outubro de 1910, que os ferroviários haviam apoiado – como a generalidade do proletariado português – mas que colocara no poder uma burguesia que, primeiro, iria desiludir as expectativas de satisfação das suas reivindicações que esse proletariado alimentara, e depois iria trair esse apoio lançando-se na mais brutal repressão à luta e aos direitos dos trabalhadores.
O trabalho que aqui divulgamos não é um estudo sobre a grande greve ferroviária de 1911 – estudo que se impõe, mas que outros terão que fazer. É simplesmente a divulgação de um significativo conjunto de documentos que nos chegaram e que entendemos ser de utilidade todos conhecerem.
A leitura destes materiais dá-nos uma informação extremamente valiosa para os duros dias em que vivemos. Lembram-nos como foram arrancados ao patronato cada direito que hoje temos.
Recordam-nos os tempos em que o direito a férias foi conquistado, em que o direito a uma reforma era ainda uma reivindicação, em que se lutava por fardas sem insígnias para poderem ser utilizadas na vida «civil».
Lembram-nos os tempos em que a CP era uma empresa privada, mas onde se conquistavam direitos na luta, como o direito ao transporte (concessões), direitos que foram retirados pelo governo PSD/CDS-PP e que a “família ferroviária”, com a sua unidade e luta, reconquistou.