A Fundação Casa da Música reage à recente greve dos trabalhadores afastando um dos rostos mais visíveis das lutas laborais na instituição. Hugo Veludo, assistente de sala desde 2017, está a ser vítima de represálias através da coordenação responsável pela Frente de Casa, havendo ordens superiores para excluir este trabalhador de todos os eventos. A Casa da Música mantém dezenas de assistentes de sala em regime de prestação de serviços, recusando a sua integração nos quadros da fundação. Assim, os trabalhadores nestas condições são sujeitos às arbitrariedades das chefias que decidem quem tem o direito a trabalhar (e ser remunerado), em cada momento.
Hugo Veludo manifestou desde sempre uma grande disponibilidade nos mais variados horários, tornando-se um dos assistentes de sala mais regulares da instituição. É uma cara bem conhecida do público que a frequenta e um exemplo de profissionalismo e dedicação, tendo sido responsável pela formação de vários colegas. Contudo, sem qualquer explicação, foi esta semana excluído dos processos de planificação de qualquer trabalho futuro.
Depois de se chocar a opinião pública, em Junho de 2020, com a dispensa de assistentes de sala após uma vigília em que os manifestantes foram filmados a mando da Fundação Casa da Música, intensifica-se o clima de perseguição a quem questiona as políticas laborais assentes na precariedade. O CENA-STE está ao lado do Hugo Veludo e manifesta a sua repulsa por qualquer acto de retaliação que recaia sobre os trabalhadores.
O combate ao trabalho precário é também um combate contra abusos deste tipo, praticados na Fundação Casa da Música ou em qualquer outro local. Sem um vínculo estável, sem um contrato de trabalho efectivo, os trabalhadores encontram-se à mercê de pressões e perseguições de chefias e administrações. Ainda mais grave é o facto de isto se passar numa fundação com financiamento maioritariamente público, com responsabilidades a dividir entre entidades privadas, Governo e Câmara Municipal do Porto.
Os trabalhadores da Casa da Música lutaram e continuam a lutar para que todos tenham estabilidade no trabalho e na vida. É profundamente lamentável e de uma insensibilidade extrema que, na semana do Natal, se trate desta forma um trabalhador apenas porque juntou a sua voz aos apelos por condições laborais dignas.
Fonte: CENA-STE