Face ao descontentamento generalizado dos trabalhadores, expresso no plenário geral de 15 de Maio, o Conselho de Administração (C.A.) veio agora, em comunicado, tentar justificar porque nos quer continuar a explorar.

Senão vejamos:

1. O C.A. primeiro escondeu, mas agora foi obrigado a reconhecer, que a empresa teve um lucro de 9,5 milhões de euros, no ano 2023. Um resultado que se saúda e que, por isso mesmo, justifica e exige que seja repartido pelos trabalhadores, nomeadamente na melhoria dos seus salários.

2. Analisando o relatório e contas relativo ao ano passado, a empresa transportou mais passageiros, aumentou a receita e o volume de negócios e, com menos trabalhadores, teve um resultado positivo de 9,5 milhões de euros, o melhor dos últimos anos. Objetivamente houve um aumento de produtividade que tem obrigatoriamente de se fazer sentir, na grelha salarial dos profissionais da Carris.

3. Ao contrário do que a administração refere não há nada, nem ninguém que impeça uma política de gestão que valorize os salários de quem trabalha. Pelo contrário, os Estatutos

(artigo 22, nº 2 alínea b) estabelecem que “a evolução da ma ssa salarial deve ser adequada

aos ganhos de produtividade e ao equilíbrio financeiro da empresa”. Ora se a situação

financeira da Carris é melhor, o poder de compra dos trabalhadores não pode ficar pior.

4. Quanto ao deficit, ele está relacionado com o facto da Carris prestar um serviço social que fica abaixo do custo real. Por isso a Câmara Municipal de Lisboa não faz mais do que a sua obrigação, ao assegurar as respetivas comparticipações. Agora o que não é admissível é que a administração venha com a “conversa fiada” para nos tentar convencer, a aceitar salários que não repõem o poder de compra perdido nos últimos anos.

5. Por outro lado, o deficit não obstou a que a Carris esteja a renovar, e bem, a frota. Por isso se há dinheiro para investir na modernização do material circulante, tem de haver dinheiro para melhorar as condições de vida dos que cá trabalham. E isto é para fazer agora e não para o tempo das “calendas gregas”.

6. Quanto ao pagamento dos proporcionais, não colhem as desculpas esfarrapadas do C.A. Foi a empresa que durante anos ficou indevidamente com o nosso dinheiro. Por isso não lhe resta outra saída que não pagar o que deve, antes e depois da municipalização da empresa.

7. Por tudo isto a proposta dos 100 euros nos salários e de 15 euros no subsídio de refeição é possível de concretizar, até porque a Carris perspetiva para este ano um novo resultado líquido positivo. Portanto é tempo de fazerem a atualização das remunerações, o aumento do subsídio de refeição, a redução do horário de trabalho para as 35 horas e outras reivindicações essenciais para perspetivar uma vida melhor a todos quantos, no dia-a-dia, dão o seu melhor à empresa.

Este é um tempo de união e de mobilização para uma luta que é de todos e para todos!

FONTE: STRUP