Pelo segundo ano consecutivo o desemprego registado em Dezembro, em termos mensais, voltou a subir. Desde 2003 que o desemprego em Dezembro sofria uma descida, quando comparado com o de Novembro. Mesmo nesse ano de 2003, marcado por uma crise económica e por um aumento do desemprego, em termos homólogos, de 19%, o desemprego tinha descido, em termos mensais, 0,3%.
Esquecendo este facto, o Governo apressa-se a replicar o discurso de Junho passado, dizendo que o a evolução do desemprego estabilizou. Desde essa altura mais 34 854 desempregados surgiram nas estatísticas oficiais do desemprego registado.
A situação continua a ter repercussões na generalidade dos sectores, profissões e regiões de Portugal. No entanto é de salientar a incidência do aumento do desemprego registado no Algarve, com uma subida em dois anos de 82,4%, ou seja, mais 11 567 novos desempregados. Em termos absolutos, numa análise a dois anos, é no Norte que o desemprego mais aumentou com mais 54 923 desempregados registados nos Centros de Emprego. Estas são situações que justificam uma resposta urgente, com a implementação de planos especiais que dêem resposta aos problemas económicos e sociais, que cada vez fustigam mais famílias.Portugal |
Algarve |
Norte |
Lisboa V. Tejo |
Alentejo |
Centro |
|
2007 |
390280 |
14035 |
173571 |
114686 |
17420 |
57724 |
2009 |
524674 |
25602 |
228494 |
154627 |
21706 |
74314 |
⌂ 07/09 |
34,44% |
82,42% |
31,64% |
34,83% |
24,60% |
28,74% |
⌂ 07/09 |
134394 |
11567 |
54923 |
39941 |
4286 |
16590 |
O cenário por profissões mantém as dinâmicas dos últimos meses, com aumentos em relação ao mês homologo mais significativos nos “operários e trabalhadores similares da indústria extractiva e construção civil” (+68,1%) e nos “trabalhadores da metalurgia, metalomecânica e similares” (+47,9%), ou seja uma forte concentração do aumento do desemprego em actividades ligadas ao aparelho produtivo nacional.
Por áreas de actividade, é o aumento no sector secundário a confirmar a dinâmica de destruição de postos de trabalho em actividade relacionadas com a produção, com um aumento de 33,8% (com especial incidência na construção e indústrias do papel, impressão e reprodução), seguindo-se os serviços com um aumento do desemprego de 23,5%.
A precariedade continua a ser o principal motivo dos despedimentos, com 43,19% dos novos desempregados a inscrever-se nos centros de emprego devido a este motivo, seguindo-se os despedimentos, com 16,17%. Por regiões, o fim dos contratos não permanentes é a causa da inscrição de 72% dos desempregados, enquanto que no Norte cerca de 30% dos desempregados inscritos nos Centros de Emprego o faz segundo este motivo e 20% devido aos despedimentos.
Este é mais um exemplo de que não é financiando a precariedade, como o Governo pretende com as propostas agora anunciadas, que se combate o desemprego e promove o emprego de qualidade.
Por outro lado, o elevado número de desempregados sem quaisquer apoios sociais continua a ser um problema que a CGTP-IN exige que seja resolvido no curto prazo com medidas concretas e abrangentes.
Os motivos para a eliminação de desempregados dos ficheiros do IEFP continuam a não ser explicados por aquele organismo, situação que urge ser clarificada.
Os dados hoje publicados, revelam o agravamento da situação profissional e social de milhares de famílias, não podendo análises enviesadas adiar a mudança de política no sentido da resolução do problema do desemprego e da destruição do aparelho produtivo nacional, nem a ruptura por um modelo assente nos baixos salários e na precariedade.
DIF/CGTP-IN
Lisboa, 19.10.2010