calaisIniciou-se ontem a construção de um muro, de quatro metros de altura e com o comprimento de um quilómetro, na cidade francesa de Calais, para impedir os migrantes e os refugiados de tentarem alcançar a Grã – Bretanha. O Muro é financiado pelo Reino Unido.

A CGTP-IN denuncia as condições desumanas e indignas em que vivem cerca de 10.000 refugiados, dos quais 900 menores isolados, neste campo denominado de "a selva" que se encontra num país que afirma defender os direitos humanos. As rochas do porto de Calais e o Túnel da Mancha estão já cobertos de barreiras e de arame farpado, o que não tem impedido que os refugiados, em desespero, arrisquem a sua vida e a dos trabalhadores franceses do porto, ao passarem as barreiras e saltarem para os camiões que se dirigem ao Reino Unido.

 

Estes milhares de refugiados que se encontram em Calais, como muitos milhões que se encontram em território europeu ou nas suas fronteiras, estão nesta dramática situação, depois de terem sido alvos das bombas dos países ocidentais, percorreram milhares de quilómetros até chegarem a este porto francês e a outros locais na Europa. Nos últimos 5 anos morreram cerca de 100 mil pessoas na travessia do Mediterrâneo.

Os Estados Unidos, o Reino Unido e a França (entre outros) têm uma pesada e indesculpável responsabilidade em relação aos fluxos migratórios, mantendo e fomentando guerras de ingerência e de agressão nos países de origem destes refugiados, para obter interesses económicos e o domínio geoestratégico dessas partes do mundo.

Há muitos anos que os povos do Médio Oriente e da África Oriental são vítimas de múltiplos conflitos, provocados e alimentados pelos interessess exploradores das grandes potências e das empresas multinacionais, saqueando as riquezas desses países, espalhando a morte, a pobreza, a miséria dos seus Povos e a destruição do tecido social das suas Sociedades.

A CGTP-IN considera que os governos dos países da União Europeia devem responder a esta verdadeira catástrofe humanitária com medidas de acolhimento solidário, com a defesa intransigente dos Direitos Humanos, e com medidas que conduzam ao fim dos conflitos e à paz e não com a ingerência, a agressão militar e a construção de muros ou medidas policiais, repressivas e securitárias.

De registar que este não é o primeiro muro ou barreira para os refugiados a ser erguido em solo europeu: Na Hungria, na Bulgária e outros países dos Balcâs, outros muros, barreiras ou vedações têm sido erigidos, a somar às políticas de reenvio de refugiados desenvolvidas por países como a Alemanha. Na Grécia e na Turquia encontram-se centenas de milhar de refugiados em situação dramática. A CGTP-IN condena os acordos da UE com estes países, que estão a servir de tampão à escolha do país de destino por parte dos refugiados.

Em todo este preocupante contexto, amplifica-se simultaneamente a acção de forças de extrema-direita, que querem fazer dos refugiados e dos migrantes os bodes expiatórios da crise da e na União Europeia.

A CGTP-IN exige o abandono imediato da construção deste muro em Calais e o fim da construção de outros muros, vedações, barreiras ou impedimentos de passagem em vários países europeus para os migrantes e refugiados. O dinheiro disponibilizado para a construção do muro deve ser usado para assegurar uma resposta humanitária aos milhares de refugiados que, em Calais, vivem em condições sub-humanas.

Exigimos ainda o abandono de medidas e de utilização de meios e mecanismos policiais, securitários e repressivos como Dublin II ou o Sistema Frontex, que as autoridades europeias vêm adoptando e a implementação de políticas e medidas de cariz humanista e inclusiva que permitam proteger a segurança e a vida de milhões de seres humanos, vítimas desta catástrofe.

A CGTP-IN, afirmando que é urgente pôr fim aos conflitos, agressões, ingerências e massacres desencadeados pelas grandes potências ocidentais no Médio Oriente e na Áfica do Norte e de Leste, apela aos trabalhadores e ao povo português para que se mobilizem contra estas agressões imperialistas e para que lutem pela paz e pela solidariedade internacional.

A CGTP-IN exorta finalmente os trabalhadores e todas as forças que defendem a paz a denunciarem o anúncio da construção deste muro em Calais e de outras barreiras contra os refugiados e migrantes no espaço europeu e a reforçarem a sua intervenção em prol de um acolhimento inclusivo e humanista dos refugiados e migrantes, designadamente os que procuram o nosso país.