Sob o mote "Basta! Não a um futuro de Precariedade! Exigimos Estabilidade!" jovens trabalhadores, mobilizados pela Interjovem/CGTP-IN, saíram à rua para participar na Manifestação Nacional da Juventude, em Lisboa. Esta manifestação que juntou, esta tarde, milhares de jovens vindos de diversos pontos do país, teve início no Largo do Camões e terminou numa empolgante concentração em frente à Assembleia da República.

O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, disse na sua intervenção que a precariedade é "assédio moral" e "tortura psicológica" e "um vírus que corrói as famílias e a própria sociedade". Pediu "a revogação de normas gravosas dos últimos quatro anos que facilitaram os despedimentos e reduziram as indeminizações". Os manifestantes responderam com palavras de ordem como "queremos trabalhar, não queremos emigrar" ou "juventude está na rua, a luta continua". Foi já junto da Assembleia da República que aprovaram uma resolução na qual apelam à unidade dos jovens em torno da luta contra a precariedade, pela defesa do emprego e aumentos salariais, melhor política fiscal e a realização de um "grandioso 1.º de maio".

Resolução aprovada "É possível ter futuro, viver melhor e trabalhar no nosso País"

As condições de vida e de trabalho dos jovens trabalhadores têm sofrido um forte ataque por parte dos governos e dos patrões – executores e promotores da política de direita, que retira direitos, destrói vidas, explora e empobrece o país, ao serviço do grande capital.

O momento foi e é de luta! Os jovens trabalhadores, organizados, que resistiram nas empresas e locais de trabalho, que lutaram e reivindicaram mais salário, redução do horário ou a reposição das 35 horas na Administração Pública e o fim da precariedade foram determinantes para derrotar o PSD/CDS-PP, em Outubro passado, e travar as investidas do patronato.

Reconhecemos no Orçamento de Estado para 2016, uma inversão de rumo da política de direita protagonizada por PSD e CDS-PP. Reconhecemos que este Orçamento trava muita coisa, mas deixa muita coisa, ainda, para recuperarmos e para conquistarmos

 Assim, os Jovens trabalhadores presentes na manifestação Nacional da Juventude convocada pela Interjovem/CGTP-IN decidem:

Saudar todos os trabalhadores e trabalhadoras, jovens e menos jovens, que com determinação e confiança têm lutado e resistido, a partir dos locais de trabalho, em defesa do emprego e dos direitos, contribuindo para a redução da base social e queda do anterior governo e abrindo caminho à recuperação de direitos que é necessário prosseguir.

Saudar ainda todos aqueles que continuam a lutar por uma verdadeira e profunda mudança de política por uma política de esquerda e soberana, e que hoje marcam presença nesta acção de luta, e também todos aqueles que, nos últimos tempos, têm estado em luta: Os trabalhadores da Bosch, da Sede Ibérica, da Printer, da Servirail, da Carristur, dos CTT, da PT, do sector do abate de aves, do sector da hotelaria, restauração, alimentação, bebidas e tabacos, do Novo Banco, da Cel-Cat, da Segurança Social de Vila Franca de Xira, da Jado Ibéria, da Portway, e de tantas outras empresas do sector público e privado que não desistem da luta e da melhoria das suas condições de vida.

interjovem lisboa

Continuar a mobilização para a luta junto de todos os trabalhadores, de forma particular junto dos jovens trabalhadores para:

◦ A defesa do emprego com direitos, permanente e de qualidade, valorizando profissões e as carreiras, pela defesa da contratação colectiva.

◦ Pelo aumento geral dos Salários, nomeadamente do Salário Mínimo Nacional, para responder às necessidades dos trabalhadores de uma mais justa retribuição da riqueza e pela valorização da força produtiva, o trabalho. Permitindo melhores condições de vida aos jovens trabalhadores e a criação de perspectivas de emancipação pessoal.

◦ Pela redução progressiva dos horários de trabalho para todos os trabalhadores, porque a evolução tecnológica permite aumentar a produtividade e reduzir os tempos de trabalho sem redução do salário. É possível as 35 horas para todos.

◦ Lutar por uma política fiscal que taxe mais quem enriquece e alivie quem trabalha. Nos últimos anos, os lucros crescem de forma abismal, a crise criou condições únicas ao crescimento de lucros. Essa minoria exploradora continua a aumentar os seus lucros enquanto os que produzem a riqueza, os trabalhadores, têm empobrecido. É possível, com vontade política, inverter isto, e desenvolver a economia e a produção nacional, as pescas, criar emprego e habitação para a juventude, investir na cultura, na educação e na saúde.

Apelar a todos os jovens trabalhadores que assumam a campanha Nacional de Combate à Precariedade como sua, que participem na construção da campanha, e, em particular, na luta que necessariamente será preciso desenvolver. É possível contrariar a precariedade e defender o direito à estabilidade e segurança no emprego, dando concretização à garantia constitucional. É possível que a cada posto de trabalho permanente corresponda um posto de trabalho efectivo.

Convidar todos e todas a mobilizar e a construir um grandioso 1º de Maio, de reivindicação e luta. Um 1º de Maio que transporte para o futuro o País de que precisamos enquanto trabalhadores, num momento em que é preciso defender o que foi conquistado durante anos de luta, repor o que nos foi roubado e conquistar aquilo a que temos direito, num país livre da exploração.

Lisboa, 31.03.2016