Comunicado à Imprensa n.º 41/05
Prosseguimento de políticas erradas agrava o desemprego
A taxa de desemprego foi de 7,7% no 3º trimestre, representando um brutal agravamento face quer ao trimestre anterior (+0,5 pontos percentuais), quer ao trimestre homólogo (+0,9 p.p.) quando a taxa de desemprego era de 6,8%. O número de desempregados atinge quase 430 mil pessoas, aumentando 14,4% em termos homólogos e 7,7% em termos trimestrais (+30,6 mil pessoas).
Foram as mulheres as mais afectadas pelo aumento do desemprego, tendo-se registado um aumento homólogo de 0,8 p.p. da sua taxa de desemprego em termos trimestrais e de 1,1 p.p. em termos homólogos. A taxa de desemprego feminina é agora 8,9% e o seu número ultrapassa os 230 milhares, segundo o INE.
O maior agravamento em termos etários ocorreu nos desempregados entre os 25 e os 34 anos, que aumentaram 24% em termos homólogos, passando para uma taxa de desemprego de 9%, embora a faixa etária anterior (15-24 anos) continue a ter a taxa de desemprego mais elevada (16,5%). Razões sazonais de aumento trimestral do desemprego juvenil, como a saída do sistema de ensino, que possam ter contribuído para o aumento trimestral de 40% dos desempregados à procura do primeiro emprego não escondem o agravamento do desemprego dos mais jovens em relação há um ano atrás.
Os trabalhadores com mais de 45 anos foram o segundo grupo mais afectado, já que o desemprego aumentou 19% em termos homólogos. Esta evolução estará certamente relacionada com a destruição de emprego no sector produtivo. Os desempregados oriundos da indústria, construção, energia e água aumentaram 19,6% no último ano (+ de 26 milhares). Como não houve compensação em termos de criação de postos de trabalho, o emprego nestes sectores diminuiu 1,4% (4% considerando apenas a indústria transformadora).
O modelo produtivo reconhecidamente ultrapassado, que o Governo não só não contraria, mas teima em estimular através do prosseguimento de políticas que estão na origem dos problemas existentes (nomeadamente de não defesa do aparelho produtivo nacional, de cortes no investimento, da política de privatizações, do aumento de impostos, da promoção do aumento do custo de vida e da quebra do poder de compra, de congelamento das admissões e dos salários da Administração Pública), é uma das causas determinantes da situação a que chegámos. Persiste a estagnação económica, cresce o desemprego de longa duração e a precariedade; desperdiçam-se competências; acentua-se o desemprego em todas as regiões.
Esta evolução vem confirmar o agravamento do desemprego registado nos centros de em Setembro. Os dados de Outubro do IEFP, tornados públicos hoje, apontam para a continuação deste aumento (mais 3,6% em termos homólogos), atingindo quase 485 mil desempregados. Também o Banco de Portugal reviu em baixa a sua previsão de crescimento económico para o corrente ano, o que vem confirmar a falência das políticas seguidas. O próprio crescimento económico previsto na proposta de Orçamento de Estado para o próximo ano, sendo insuficiente para a criação de emprego, é de duvidosa concretização. A continuar a destruição do aparelho produtivo, o aumento do desemprego e a quebra do poder de compra, não se atingirá a previsão de crescimento de 5,7% das exportações e de 1,3% do consumo privado.
Face à gravidade da situação e às suas consequências económicas e sociais ganha cada vez mais força a exigência da CGTP-IN e dos trabalhadores de uma nova política que aposte no aparelho produtivo, na valorização do poder de compra dos trabalhadores, no aumento das qualificações, na investigação e desenvolvimento, no aumento do investimento público e privado e em políticas sociais justas. O País precisa de uma efectiva estratégia de desenvolvimento que articule o crescimento económico com o progresso social.
CGTP-IN/DIF
Lisboa, 2005-11-16