A CGTP-IN recebeu com profundo pesar a notícia da morte de Paula Rego, a cuja família endereça as suas sentidas condolências.
A obra e a intervenção cívica da artista relevam algumas das causas caras à CGTP-IN e aos trabalhadores e trabalhadoras, de que destacamos o combate à discriminação de género e a luta pela legalização do aborto.
O trabalho artístico de Paula Rego põe a nu, com uma acutilância muito própria, alguns dos flagelos sociais que afligem o nosso tempo. Destacamos a forma como realça, nas histórias que conta nos seus quadros, o papel da mulher na família, no trabalho, na sociedade, uma mulher que se consciencializa da sua condição de exploração e violência e se emancipa e afirma a sua identidade. A mãe que esfola o lobo mau depois de este ter comido a filha (Capuchinho Vermelho) e a avó e que pousa com a pele do lobo ao pescoço – «o triunfo da mãe», nas palavras da autora.
A mulher por trás da imagem que dela se fez, que dela se faz, do papel que se lhe atribui ou se lhe quer atribuir. A mulher que resiste e mantém sempre a sua identidade, mesmo quando o homem a procura e a aprisiona.
Pode haver quem diga que a sua pintura é perturbadora, incómoda. Pois enquanto subsistirem as desigualdades e as injustiças, enquanto perdurar a exploração do homem pelo homem, é preciso incomodar, perturbar, lutar, na arte como nos locais de trabalho!
DIF/CGTP-IN
09.06.2022
Legenda: Paula Rego – Tríptico (série “Aborto”), 1998.
Fonte: https://www.artfund.org/supporting-museums/art-weve-helped-buy/artwork/8686/triptych-1998.