quebraO Inquérito ESENER-2, publicado pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, vem, a par do que fazia o ESENER-1, ajudar a descortinar a negra realidade dos riscos psicossociais, em geral, principalmente se abordados em território nacional.

Se, o factor de risco mais representativo no ESENER-2, a interacção com clientes, alunos e pacientes difíceis (58% das empresas da UE-28), aponta para uma enorme prevalência de risco psicossocial nas empresas Europeias, tão pouco, esta preocupação se repercute na resposta das empresas ao problema.

Tal como sucedia no ESENER-1, os inquiridos (Gestores de RH e Responsáveis de SST) manifestam uma enorme preocupação com este tipo de riscos; o problema é quando os questionamos quanto às estratégias de combate ao risco psicossocial.

Efectivamente, de acordo com o ESENER-2, apenas 11% (a média na EU-28 é de 16%) das empresas em Portugal recorrem regularmente a serviços de psicólogos.

Sabendo da falta de sensibilidade dos tradicionais técnicos (Médicos do Trabalho e Técnicos de ST) para esta problemática, muitas vezes não por falta de competência, mas por outras razões, é de estranhar que, perante uma tão grande assunção de que os riscos psicossociais existem, as empresas não recorram a profissionais competentes para o efeito.

Com efeito, o próprio ESENER-2 vem reforçar esta ideia: Sem profissionais competente não há medidas adequadas.

Quando questionados os Gestores de RH e Responsáveis de SST sobre se as suas organizações possuem "Plano de acção para prevenir o stresse relacionado com o trabalho e procedimentos para lidar com o assédio e intimidação, bem como os casos de ameaça, abuso ou assaltos",as respostas foram:

  • 36% Dizem possuir medidas para a violência, não especificando o estudo se se trata de Violência no Trabalho, ou Violência contra terceiros;
  • 19% Dizem possuir medidas para o Assédio e Intimidação;
  • 20% Dizem possuir medidas para o Stresse, não especificando o estudo se de origem laboral ou individual

Mesmo considerando que são respostas de quadros intermédios ou superiores muitas vezes responsáveis pela aplicação, ou não, destas medidas, não podemos deixar de sublinhar os baixos resultados do inquérito.

Efectivamente, em tempos de elevado desemprego, caracterizados pelo medo de perder o posto de trabalho, em tempos de crise económica e recessão, a situação agrava-se mais quando, apenas 1/5 das empresas entrevistadas parecem preocupar-se com o Assédio Moral e Intimidação, bem como com o Stresse.

E o problema, muitas vezes está, mais uma vez relacionados com factores muito difíceis de controlar:

  • A organização do tempo de trabalho, a precariedade laboral, os ritmos elevados e o mau clima social, no caso do Stresse
  • O preconceito, a desumanização, o mau clima social, o paternalismo, machismo e a competição exacerbada, no caso do assédio moral e intimidação.

Num caso ou outro, os dois sucedem muito por culpa dos estilos de organização laboral que prevalecem no nosso país.